07/21 – Estudos de casos e controles

 

Nota técnica 07/2021

 

Versão PDF

Estudos de casos e controles: orientações para indexação de acordo com a Metodologia LILACS

Objetivo: Orientar a análise e leitura técnica dos documentos para identificação do tipo de estudos de casos e controles de documentos em saúde.
Público-alvo: Profissionais da informação que atuam na indexação de documentos usando a Metodologia LILACS ou na elaboração de estratégias de busca na LILACS e nas Bibliotecas Virtuais em Saúde (BVS).
Conteúdo: Metodológico Data de criação: agosto 2021

 

 

Introdução

Os estudos de casos e controles são delineados para ajudar a determinar se uma exposição está associada ou não a um determinado desfecho (doença ou condição de interesse). Primeiramente, são identificados os grupos caso (um grupo com o desfecho de interesse) e controle (um grupo sem o desfecho estudado, mas pertencente a mesma população). Feito isso, é realizada uma análise de volta no tempo para saber quais indivíduos em cada grupo foram expostos, comparando a frequência de exposição no grupo caso e no grupo controle.2

 

 

Os estudos de casos e controles são, às vezes, considerados de menor valor de evidência por sua natureza retrospectiva. Entretanto, esses estudos podem ser bastante eficientes na identificação de uma associação entre uma exposição e um resultado. Muitas vezes, eles se caracterizam com a única maneira ética para se investigar uma determinada associação.2

Em comparação com os estudos de coorte, os estudos de casos e controles são mais rápidos e relativamente mais baratos para serem realizados. Permite a análise de múltiplos fatores de risco a serem associados para um desfecho de interesse.3 

 

 

Os estudos de casos e controles são identificados na literatura como sendo um tipo de estudo observacional, porém nem sempre essa relação é estabelecida pelo autor no documento.

Os estudos observacionais oferecem uma base para o entendimento de uma série de doenças e outros eventos de interesse. Nesses estudos, os pesquisadores apenas observam a existência de uma doença ou característica em indivíduos que foram previamente divididos em grupos baseados em uma experiência, característica ou exposição. Nesse tipo de pesquisa, a alocação de um grupo baseada na exposição a um fator de risco não pode ser controlada pelo pesquisador.1 Os estudos observacionais podem ser do tipo coorte, caso-controle e transversais.  

 

Características dos estudos de casos e controles

Almusawi LA, Hamied FM. Risk factors for development of keratoconus: a matched pair case-control study. Clin Ophthalmol. 2021;15:3473-9. 

http://dx.doi.org/10.2147/OPTH.S248724

 

 

Os descritores

A nota de espoco do descritor define ESTUDOS DE CASOS E CONTROLES [Descritor] como Comparações que começam com a identificação de pessoas com a doença ou desfecho de interesse e um grupo controle (comparação, referência) sem a doença ou desfecho de interesse. A relação de um atributo é examinada pela comparação de ambos os grupos com relação à frequência ou níveis de desfecho ao longo do tempo.

A nota de escopo do descritor e o manual de indexação4 definem ESTUDO OBSERVACIONAL [Tipo de publicação] como trabalho que relata um estudo clínico no qual os participantes podem receber intervenções diagnósticas, terapêuticas ou outros tipos, mas os pesquisadores não atribuem voluntários para intervenções específicas (como no estudo intervencional).

 

A indexação

A identificação dos estudos de casos e controles se dá pela presença do próprio termo no trabalho. Geralmente, o texto menciona se tratar de um estudo observacional, caso-controle retrospectivo. Diferente dos estudos de coorte, que tendem a ser prospectivos mas que também podem ser retrospectivos, os estudos de caso e controle são obrigatoriamente retrospectivos. 

 

Pontos a serem considerados na análise e indexação do documento:

– verifique a presença do termo caso-controle no documento;

– coordenar com ESTUDO OBSERVACIONAL [Tipo de publicação] nos trabalhos em que é mencionado se tratar de um estudo observacional. Embora todo estudo de casos e controles seja um estudo observacional, a coordenação não é obrigatória de acordo com as notas dos descritores. Portanto, a coordenação somente será feita no caso da presença do termo no texto. 

– coordenar como secundário com ESTUDOS RETROSPECTIVOS [Descritor] caso o texto mencione essa abordagem.

 

Descritores e qualificadores relacionados 

 

ESTUDOS RETROSPECTIVOS [Descritor]

Estudos nos quais os dados coletados se referem a eventos do passado.

Abordagem comum nos estudos de casos e controles. Fazer coordenação caso o trabalho mencione se tratar de um estudo retrospectivo.

 

FATORES DE CONFUSÃO EPIDEMIOLÓGICOS [Descritor]

1) Fatores que podem causar ou prevenir o desfecho de interesse, mas que não são variáveis intermediárias do(s) fator(es) sob investigação. 2) Situação em que os efeitos de dois processos (fatores) não são separáveis ou distinguíveis. 

Utilizar esse descritor para os estudos que citem especificamente essa abordagem.

 

FATORES DE RISCO [Qualificador]

  1. Aspecto do comportamento individual ou do estilo de vida, exposição ambiental ou características hereditárias ou congênitas que, segundo evidência epidemiológica, está sabidamente associado a uma condição de saúde considerada importante de se prevenir. 2. População em risco: População bem definida, cujas vidas, propriedades e fontes de trabalho se encontram ameaçadas por determinados perigos.

 

Os estudos de casos e controles objetivam identificar fatores causais de doenças ou eventos.

ETIOLOGIA [Qualificador]

Usado com doenças para agentes causais, incluindo os micro-organismos. Inclui fatores ambientais e sociais e hábitos pessoais como fatores contribuintes. Inclui a patogênese.

Os estudos de casos e controles objetivam identificar fatores causais de doenças ou eventos. Em muitos casos a coordenação com o qualificador /etiologia será necessária.

 

RAZÃO DE CHANCES [Descritor]

É uma aproximação do risco relativo, característica de estudos de casos e controles, dada pela proporção entre a probabilidade de adoecer e não adoecer mediante a exposição e não exposição ao fator de risco em estudo.

Geralmente os estudos utilizam o Odds Ratio como medida de fator de risco.

 

Coordenações improváveis

ESTUDO COMPARATIVO [Tipo de publicação]

ESTUDOS PROSPECTIVOS [Descritor]

 

Exemplo de indexação de documento

Becerra Sandoval JC, Ventura Huamán L, De La Cruz-Vargas JA. Factores asociados a fractura por estrés: estudio de casos y controles en un centro médico de la marina de guerra de Perú. Medwave. 2020;20(5):e7936.

https://www.medwave.cl/link.cgi/Medwave/Estudios/Investigacion/7936.act

 

 

Referências

1 – Honório HM, Santiago JF Jr. Fundamentos das revisões sistemáticas em odontologia. São Paulo: Quintessence Editora; 2018. 361 p.

2 – Lewallen S, Courtright P. Epidemiology in practice: case-control studies. Community Eye Health. 1998;11(28):57-8. [Acesso em 03 out. 2022]. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmid/17492047/>

3- Song JW, Chung KC. Observational studies: cohort and case-control studies. Plast Reconstr Surg. 2010;126(6):2234-42. doi: 10.1097/PRS.0b013e3181f44abc

4 – BIREME. Biblioteca Virtual em Saúde. Manual de Indexação de Documentos para a Base de Dados LILACS (2021) [Internet]. São Paulo: BIREME; 2021 [cited 2021 June 8]. Available from: https://lilacs.bvsalud.org/metodologia-lilacs/manual-de-indexacao-de-documentos-para-a-base-de-dados-lilacs/

 

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.

Was this page helpful?