Gestão de periódicos científicos: etapas, ações e participantes dos processos editoriais

 

 

Nancy Tarrago

 

 

 

 

 

 

 

 

Nancy Sánchez Tarragó

ORCID-icon https://orcid.org/0000-0002-5114-6072

Universidade Federal de Rio Grande do Norte (UFRN)

Departamento de Ciência da Informação

Nancy.sanchez@ufrn.br

    1. Introdução

 

Os periódicos científicos são parte fundamental do sistema de comunicação científica, juntamente com outros veículos como livros, trabalhos de eventos, preprints, dados, softwares, entre outros. A fundação, em 1665, dos primeiros periódicos acadêmicos (Journal des Sçavans e Philosophical Transactions) iniciou toda uma tradição que combina funções de registro, divulgação, certificação e arquivamento do conhecimento, que permanece inalterada em sua essência até hoje. (1)

Da Europa, periódicos científicos, com suas funções e tradições, expandiram-se para diferentes partes do mundo, assumindo características específicas.  Na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, desde a década de 1960, predominam periódicos científicos comerciais, muitos deles editados por oligopólios com grandes margens de lucro.(2) Essas empresas possuem departamentos e funcionários que realizam profissionalmente a maioria das funções e procedimentos que compõem a gestão editorial e a produção. Os periódicos comerciais também predominam em índices bibliográficos (como Web of Science e Scopus) que orientam os critérios de qualidade dos periódicos, marcam sua reputação e, com ela, a dos pesquisadores que utilizam esses canais. Além disso, os periódicos passaram de cobrar pela leitura a cobrar pela publicação, criando novas iniquidades(3).

Em contrapartida, na região da América Latina não foi desenvolvido um circuito comercial para periódicos científicos, que continuam a ser editados principalmente por universidades, subsidiados por fundos públicos e apoiados em grande parte pelos esforços voluntários de professores, pesquisadores e outros funcionários dessas instituições. Os principais objetivos que orientam esses periódicos, portanto, não são econômicos, mas associados à compreensão do conhecimento como um bem comum. Os periódicos dessa região também se deslocaram quase naturalmente para o acesso aberto (primeiro impressos, tornaram-se eletrônicos, colocando seus conteúdos livremente na Internet). A América Latina foi pioneira no desenvolvimento de iniciativas voltadas para o alcance, de maneira cooperativa, de uma disseminação ampliada da produção científica da região, a fim de alcançar maior visibilidade e acessibilidade, bem como a redução das lacunas e iniquidades sociais, econômicas e epistêmicas, na região e em relação a outras regiões. (4.5)

LILACS, SciELO, Redalyc, CLACSO, AmeliCA, entre outras, são iniciativas criadas para promover uma maior qualidade na edição dos periódicos, bem como métricas científicas alternativas àquelas impostas pelos países desenvolvidos, buscando sair do círculo vicioso em que a menor qualidade e acessibilidade implicam em menos visibilidade, menos uso, menos reconhecimento e, portanto,  menos possibilidade de atrair artigos de qualidade, financiamento e, mais uma vez, alcançar reconhecimento e impacto acadêmico e social. No final, queremos contribuir com a ciência nacional, regional e internacional, e para isso é necessário que os periódicos sejam lidos e valorizados.

Como parte dos esforços promovidos pela LILACS para elevar a qualidade dos processos editoriais dos periódicos científicos na América Latina e no Caribe, no âmbito do webinar Boas Práticas em Processos Editoriais LILACS 2020, proferi uma conferência(6) da qual este capítulo constitui uma versão expandida. Seu objetivo é caracterizar os principais estágios que constituem a gestão científica e editorial dos periódicos, seus participantes e funções, buscando mostrar boas práticas na organização e gestão dos processos editoriais.

 

    2. O periódico científico contemporâneo: funções e expectativas

 

O que é um periódico científico? De acordo com a ISO 8:2019 (7) um periódico é uma publicação serial, que se repete em intervalos regulares de tempo, em formato impresso ou eletrônico, dedicado à disseminação de pesquisas originais e outros tipos de contribuição sobre os desenvolvimentos de uma disciplina, subdisciplina, campo de estudo ou profissão, com o objetivo de ser publicado indefinidamente,  qualquer que seja sua periodicidade.

Seu papel como canal de comunicação científica está se tornando cada vez mais importante na maioria das áreas do conhecimento. Ao longo dos últimos 20 anos, estudos investigaram as necessidades e motivações dos pesquisadores em relação aos periódicos científicos.  Estas variam caso se tratem de autores ou leitores, uma vez que o grau de sobreposição entre esses dois papéis varia entre as disciplinas, influenciado pela abrangência de público delas. Por exemplo, em um campo relativamente pequeno, como a física teórica, estima-se 100% de sobreposição; no entanto, em áreas como medicina ou enfermagem, os leitores serão muito mais numerosos do que os autores. (8)

Pesquisas mostram que autores contemporâneos publicam principalmente para difundir suas ideias e, em seguida, construir uma reputação, promover suas carreiras e garantir financiamento. (1,8) A construção de reputação está associada ao registro e reconhecimento público da contribuição, por meio de maior frequência de publicação em periódicos considerados prestigiados e de “alto impacto”. Esse comportamento vem crescendo nos últimos 20 anos, juntamente com a pressão dos sistemas de avaliação científica, levando a distorções como “publicar ou perecer” e o abuso do indicador fator de impacto, desenvolvido por Eugene Garfield para os índices bibliográficos encontrados na Web of Science. (9)

As principais características que os autores levam em conta ao selecionar o periódico para publicar são qualidade e reputação (muitas vezes medida de acordo com o fator de impacto), relevância, qualidade da revisão por pares e rapidez de publicação.(8) Além de uma avaliação ágil, justa e bem argumentada e uma publicação rápida, os autores esperam uma edição diligente, cuidadosa e fiel ao original. (10) Estudos recentes sugerem que o status de acesso aberto também está emergindo como um importante fator secundário, especialmente se não envolver a taxa de processamento de artigos (APC – article processing charge). (8)

Para os leitores, por outro lado, as quatro funções tradicionais dos periódicos científicos (registro, divulgação, certificação e arquivamento de conhecimento) são essenciais. O registro permite avaliar quem são os autores em um campo científico; a certificação permite selecionar informações com base em sua qualidade e confiabilidade; a função de divulgação permite que os periódicos sejam classificadas de acordo com sua especialidade, foco e seções, enquanto o arquivo do artigo permite a existência de um repositório de conhecimento que possa ser acessado e consultado ao longo do tempo(1). Além disso, os autores esperam encontrar temas atuais e relevantes em textos bem  escritos e apresentados(10). Nos anos mais recentes, no âmbito de movimentos como acesso aberto e ciência aberta, também se constituem expectativas não só acerca do acesso a textos, mas também a materiais complementares, como conjuntos de dados, recursos multimídia, entre outros. Instituições e agências de financiamento às quais os autores/leitores estão vinculados também estão interessados em periódicos que executam suas funções corretamente.

Para atender às expectativas de autores, leitores e instituições, dois atores são fundamentais na cadeia de fornecimento de comunicação científica: editores, responsáveis pelo gerenciamento de qualidade, produção, distribuição e preservação de longo prazo de conteúdo; e bibliotecários, em princípio responsáveis pela  gestão do acesso e navegação ao conteúdo, mas que atualmente compartilham com os editores outras funções, como padronização, indexação, publicação, divulgação e preservação de conteúdo. Naturalmente, esses dois atores trabalham junto, de maneira colaborativa, com muitos outros atores durante diferentes fases dos processos editoriais.

Nas últimas décadas, entre as transformações mais significativas observadas em relação aos periódicos científicos estão a transição do formato impresso para o eletrônico, e o destaque dos movimentos de abertura, principalmente voltados para a publicação de periódicos de acesso aberto e o depósito de preprints e dados em repositórios de acesso aberto. Isso ocorre em um contexto de mercantilização acentuada da produção intelectual, consolidação de oligopólios editoriais e ênfase crescente em sistemas de avaliação de pesquisadores que medem seu desempenho por publicação em periódicos de reconhecida qualidade. Muitas vezes essa qualidade tem sido quase exclusivamente associada à indexação do periódico em determinados índices ou bancos de dados (como Web of Science e Scopus) e a obtenção de determinados indicadores, como o fator de impacto, apesar das críticas e limitações.(11)

No entanto, há um certo consenso sobre o que deve reger a qualidade de um periódico para cumprir suas funções e atender às expectativas da comunidade científica e da sociedade em geral: qualidade do corpo editorial, integridade do processo de avaliação de artigos, adoção de normas, regularidade na periodicidade, uso de ferramentas modernas de gestão que contribuam para processos mais ágeis,    eficientes e transparentes, bem como metadados e arquivos de texto completo em formatos que favorecem a interoperabilidade e a ampla disseminação.

Nas próximas seções veremos como editores, bibliotecários e outros membros da equipe editorial gerenciam e participam de processos editoriais para garantir a qualidade e relevância dos periódicos científicas.

 

    3. A gestão dos periódicos científicos e o processo editorial

 

A gestão de um periódico científico envolve duas áreas principais: gestão científica e gestão da produção editorial. O primeiro inclui processos de certificação científica baseados na avaliação de manuscritos e a seleção e divulgação de resultados científicos com credibilidade e validade. A segunda etapa refere-se a processos editoriais de produção, gestão administrativa e financeira, marketing e divulgação, entre outros. (12)

Neste capítulo, chamamos de processo editorial o conjunto de procedimentos e atividades especializadas, organizados com o objetivo de produzir e distribuir uma publicação (Figura 1).  Ela se desdobra em uma sequência de estágios que não são necessariamente lineares, pois às vezes, para avançar em direção ao objetivo final (publicação e distribuição), teremos que voltar a algum estágio anterior, ou desenvolver estágios simultaneamente.

A melhor metáfora para ilustrar um processo editorial é a de uma engrenagem composta por várias peças: os membros da equipe editorial, com suas habilidades e tarefas específicas, de cujo trabalho bem executado depende o correto funcionamento de todo o processo e a qualidade final do produto.

 

Figura 1. Etapas gerais do processo editorial de um periódico científica

 

    3.1 Quem são os participantes do processo editorial?

 

Um processo editorial é um trabalho em equipe, do qual participam vários atores em diferentes funções (Figura 2). Este trabalho em equipe inclui o autor; ao editor como uma figura genérica que pode incluir várias nomenclaturas e funções (editor-chefe, editor de seção, editor associado), aos membros do comitê editorial (comitê de política, comitê científico). Também inclui revisor, designer, tradutor e bibliotecário, entre outros.  Obviamente, a separação desses papéis e funções dependerá da estrutura administrativa e organizacional do periódico; por exemplo, se ele pertencer a uma editora que publique vários periódicos, ou se for um único periódico publicado por uma instituição, um departamento ou um indivíduo. No primeiro caso, é muito provável que muitas dessas funções existam separadas, realizadas por pessoas diferentes. No segundo caso, como em um periódico editado por um departamento universitário, é bastante comum que a mesma pessoa acumule várias funções.

Vejamos abaixo e brevemente quais são as funções de cada um desses atores no processo editorial

 

 

Figura 2. Participantes em processos editoriais

 

Autor

 

O autor tem um papel essencial no processo editorial. Embora o trabalho dos editores, avaliadores e outros membros do periódico seja essencial para garantir a qualidade dos artigos e do periódico como um todo, a qualidade inicial da “matéria-prima” é crucial. Por isso, é de extrema importância que os autores se responsabilizem pela qualidade formal e pelo conteúdo de seus manuscritos. Vázquez (13), em conferência ministrada no âmbito do webinar Boas práticas em  processos editoriais LILACS 2019, enfatiza que um bom artigo deve apresentar um conteúdo relevante, de interesse, atualizado, novo, rigoroso do ponto de vista metodológico, mas também deve ser bem escrito, ou seja, deve ser claro, conciso, usar corretamente a linguagem científica e as normas da língua em que  está sendo escrito. Essas qualidades dão credibilidade ao manuscrito e aumentam suas chances de ser aceito, publicado e ter impacto científico e social. O autor também deve ser um participante ativo no processo editorial, mantendo uma comunicação ágil e respeitosa com o editor com quem deve trabalhar em diversas fases do processo editorial.

Editor e conselhos consultivos

 

A figura do editor, como mencionei anteriormente, pode incluir várias funções, algumas mais gerenciais e outras mais acadêmicas. Também é possível que essas funções sejam compartilhadas entre várias pessoas. Para uma nomenclatura mais detalhada dos editores e suas funções sugiro verificar Trzesniak (14). É preciso ter em mente que em muitos países da América Latina há também a figura do diretor do periódico, que em alguns casos poderia ser equivalente ao editor-chefe. Se levarmos em conta as funções dos editores-chefes ou executivos em muitos periódicos científicos de países da América Latina, pode-se dizer que o editor é responsável por:

  • Executar a política editorial
  • Controlar as dimensões de qualidade do periódico
  • Controle ético de todos os processos
  • Gestão do processo editorial
  • Solicitar ou encomendar itens quando necessário
  • Contato e envio de manuscritos aos avaliadores
  • Atribuir tarefas aos Editores de seção
  • Articulação com membros do conselho editorial (revisor, designer, bibliotecário)
  • Decisão final sobre a publicação de artigos
  • Criar as edições do periódico, agendar as submissões para publicação, organizar o resumo e publicar a edição como parte do processo de publicação.
  • Organizar e fiscalizar os processos de indexação, divulgação e avaliação do periódico

Em um sentido geral, o editor (que muitas vezes é um profissional ou pesquisador de uma disciplina específica) deve ser capaz de adquirir uma visão ampla e flexível do domínio científico que está dentro da missão e escopo do periódico: seus métodos, procedimentos, conceitos, expressões, relações interdisciplinares; mas também as linhas de pesquisa, os autores mais influentes ou relevantes dentro dessa área, instituições ou grupos de pesquisa. Esse conhecimento o ajudará a “filtrar” os trabalhos que o periódico recebe, identificando suas limitações e potencialidades, mas também a ser capaz de identificar possíveis avaliadores, editores de seção e autores que possam contribuir para o periódico.

O editor-chefe também é responsável por articular o processo editorial para que funcione como uma engrenagem, de acordo com a metáfora que usamos antes, e para isso ele deve garantir consistência, uniformidade e padronização nas práticas e processos editoriais. Isso significa que a edição de todos os artigos em um periódico vai acontecer de forma idêntica? Claro que não. Pode acontecer que alguns artigos nos forcem a tomar decisões diferentes, ajustadas a circunstâncias específicas; no entanto, tudo deve ocorrer dentro de um quadro de práticas e processos consistentes e coerentes. Para estabelecer esse quadro, os periódicos se baseiam em políticas editoriais e no estabelecimento de normas e diretrizes para a equipe editorial e para os autores. As políticas editoriais norteiam, por exemplo, a missão da publicação, seu público, seu perfil editorial (temas, tipos de artigos), as formas de acesso aos conteúdos (acesso aberto, por assinatura), os critérios e formas de avaliação dos manuscritos. Também estabelecem os aspectos relacionados à propriedade intelectual dos artigos, às licenças de uso, bem como às diretrizes que os autores devem cumprir ao enviar os manuscritos. Mais informações sobre políticas editoriais podem ser consultadas na conferência de Trzesniak na edição 2020 do webinar Boas práticas em processos editoriais. (15)

É preciso levar em conta, como destaca Paula em conferência realizada no webinar Boas Práticas Editoriais LILACS 2019 (16) que a consistência e a padronização devem ser transversais a todos os processos editoriais. A padronização permite, por exemplo, manter a consistência na estrutura dos artigos científicos, no formato de dados de autoridade (autores, instituições, graus, etc.), no uso de normas para identificação de autores, periódicos e artigos (como ORCID, ISSN e DOI, respectivamente), no estilo das referências bibliográficas e no formato de resumos, chamadas e rodapés de tabelas e figuras, entre outros elementos. Essas qualidades não só refletirão e reforçarão a credibilidade, transparência e integridade do periódico e da pesquisa publicada, mas também permitirão que artigos sejam indexados em bancos de dados e diretórios, aumentando assim a possibilidade de recuperação e acesso.

É importante ressaltar que o trabalho do editor de um periódico científico deve ter o apoio de um ou mais comitês consultivos, cujos membros são representantes de diversas instituições que apoiam o periódico.  Alguns periódicos possuem pelo menos dois órgãos consultivos: um comitê de política editorial, responsável pelo desenvolvimento e aprovação de políticas editoriais, e um conselho científico, que colabora com o editor na seleção de artigos a ser publicados, na discussão de avaliações, na formação de questões temáticas, entre outras atribuições. (14) (17)

 

Avaliador

 

Os avaliadores (também chamados de árbitros ou revisores) são aqueles selecionados e convidados por um editor a revisar um manuscrito. Eles não têm vínculo permanente com o periódico, nem são necessariamente membros dos conselhos consultivos. São pessoas com domínio específico sobre um tópico em um determinado momento. Normalmente o editor seleciona um revisor porque pesquisa e publica sobre os temas de interesse do periódico. Ele/ela pode ser um profissional na área, mesmo que não tenha um diploma acadêmico; ou mesmo um estudante de doutorado. A regra geral é que tenha, comprovadamente, as habilidades necessárias para realizar a revisão.  Alguns estudos até mostram que os pesquisadores em início de carreira tendem a fornecer avaliações mais detalhadas e abrangentes em comparação com pesquisadores seniores. (18)

 

Corretor de estilo

 

A função de corretor de estilo é editar manuscritos para melhorar a gramática e a clareza, bem como a adesão ao estilo bibliográfico e textual do periódico. Esse estilo deve estar descrito e registrado em um manual ou guia de estilo para garantir a consistência desses processos ao longo do tempo, bem como estar em correspondência com as diretrizes dadas aos autores. Alguns periódicos têm um editor ou editor de seção que desempenha esse papel.

 

Designer

 

O design gráfico melhora a comunicação. É ele que ordena a percepção, que dá um fio condutor à atenção e à leitura. Letras, números, cores, elementos gráficos e textuais são competência do designer/diagramador/desenhista de layout que organiza e distribui esses elementos na página e prepara, revisa, ajusta as figuras que compõem o artigo, em correspondência com as políticas do periódico. Atualmente, com a predominância de periódicos eletrônicos e multimídia, essa função também pode incluir a transformação de versões corrigidas de manuscritos em HTML, PDF, XML, ePUB, entre outros. É também uma função que em alguns periódicos é realizada por um editor ou outro profissional que tenha desenvolvido competências nessa área.

Tradutor

 

Os critérios atuais de qualidade para periódicos científicas recomendam que o título, o resumo e as palavras-chave dos artigos sejam incluídos em pelo menos dois idiomas (o original do artigo e o inglês). Para a América Latina, onde o espanhol e o português são os idiomas falados majoritariamente, uma política linguística que inclui essas duas línguas, mais o inglês, é um importante mecanismo para maior inclusão.  Embora geralmente sejam os autores que devem fornecer as versões traduzidas, algumas editoras possuem um tradutor profissional para preparar ou revisar as traduções ou contratam esse serviço de terceiros.

 

E qual é o papel do bibliotecário no processo editorial?

 

A importância da atuação dos bibliotecários nos processos de comunicação científica tem crescido de forma constante nos últimos 25 anos, em paralelo com as transformações da indústria editorial: a irrupção das tecnologias digitais na publicação de periódicos, o movimento de acesso aberto à informação (com o surgimento de repositórios e portais de periódicos de acesso), a crescente relevância dos metadados e da interoperabilidade, da preservação digital, da indexação em bancos de dados.  Além disso, os indicadores métricos para avaliação da qualidade e visibilidade dos periódicos, as novas formas de divulgação nas redes sociais e o marketing digital também têm uma importância crescente na comunicação científica e nos processos editoriais. Todas essas áreas exigiram uma reorganização das equipes editoriais, e até mesmo das missões das bibliotecas e seus profissionais.

Um aspecto interessante é que, com o uso crescente de tecnologias digitais em processos de edição, esses processos deixaram de ser exclusivos das editoras clássicas. Outros tipos de organizações, incluindo bibliotecas, incluem essas funções como parte de sua estratégia para promover produtos e serviços de biblioteca, bem como para apoiar a criação, disseminação e curadoria de obras científicas, artísticas e educacionais. (19-21) Isso envolve o desenvolvimento e a extensão de diversas competências, abrangendo não apenas conhecimentos e habilidades mais tradicionais no campo da biblioteca, como padronização e trabalho com metadados, mas também conhecimentos de comunicação científica e novos modelos de publicação, domínio de tecnologias digitais, gestão editorial, estudos métricos, marketing, entre outros.  Atitudes de comunicação, trabalho em equipe, ética, criatividade e liderança também são importantes. (22-26)

Algumas pesquisas latino-americanas têm questionado sobre as funções e tarefas específicas relacionadas à edição de periódicos científicos realizadas por bibliotecários em equipes editoriais. A Tabela 1 é elaborada a partir de alguns deles, embora não se destine a ser uma lista exaustiva. Note que Editor Executivo está incluído como função, com o objetivo de enfatizar que o bibliotecário também pode ocupar essa responsabilidade, embora muitas das funções específicas indicadas na caixa de Gestão se sobreponham dentro dos papéis deste ator.

É importante reforçar que a publicação em periódicos científicos é um dos indicadores fundamentais da atividade científica e que sua qualidade é medida, entre outros aspectos, por meio de sua indexação em bancos de dados, repertórios bibliográficos e índices de citação. Portanto, a aliança entre editores e bibliotecários vem se tornando essencial para garantir que os periódicos científicos cumpram os indicadores de avaliação estabelecidos não apenas pelos sistemas nacionais de avaliação científica, mas também por sistemas regionais e internacionais como LILACS, Latindex, RedALyC, SciELO, Web of Science, Scopus, o Diretório de Periódicos de Acesso Aberto (DOAJ), entre muitos outros, que favorecem a visibilidade e o acesso ao periódico.  A formação profissional de bibliotecários traz o conhecimento e longa tradição no campo da criação e gestão de repertórios e bases de dados bibliográficas(27), que atualmente se estende à criação e gestão de repositórios e portais de periódicos.

No último caso, a participação do bibliotecário será determinada, por um lado, pelas oportunidades que se abrem nas equipes editoriais, a partir de uma visão ampliada dos editores e da equipe editorial sobre as novas funções e a interdisciplinaridade do trabalho editorial. Além disso, em muitos casos, pela atitude proativa do bibliotecário e das instituições de informação, que devem estar prontas para assumir novos desafios e desenvolver novas habilidades.

Tabela 1. Papéis que os bibliotecários podem desempenhar no campo da publicação de periódicos

 

Gestão 
  • Editor Executivo
  • Desenvolvimento de projetos editoriais
  • Desenvolvimento de políticas editoriais
  • Assistência a autores e revisores
  • Gestão de fluxo editorial
  • Gestão de ISSN
  • Conselhos sobre direitos autorais e plágio
  • Gerenciamento de plataformas de edição (por exemplo, OJS)
  • Coordenação de portais de periódicos 
Edição, padronização e diagramação
  • Edição e revisão de textos
  • Correção e padronização de citações e referências, figuras e tabelas
  • Aplicação de software anti-plágio
  • Layout/criação de PDF e outras versões
  • Webdesign e design de imagem
  • Atribuição de DOI
  • Marcação de artigos para acesso a bancos de dados
Divulgação e visibilidade
  • Criação e seleção de conteúdos para redes sociais
  • Gerenciamento de perfis de redes sociais
  • Estudos métricos/avaliação de periódicos
  • Indexação em bases de dados e repositórios institucionais
Fonte: elaborado a partir de Díaz Álvarez e Sánchez-Tarragó(24), Gilmet (22), Rozemblum e Banzato (27) e Santana e Francelin (28)

   

3.2 Etapas do processo editorial

 

As funções que os periódicos desempenham permaneceram quase inalteradas nos últimos 200 anos, no entanto, a maneira como essas funções são realizadas passou por enormes transformações desde o início do século XXI. Uma das principais transformações vem dos sistemas eletrônicos de gestão de periódicos (SGER), que são plataformas web que permitem gerenciar todo o processo editorial, desde o envio e recebimento de originais, a avaliação de manuscritos, até sua publicação e divulgação em vários formatos. Eles permitem que sejam criados registros de todas as operações que são realizadas durante o processo editorial e que sejam elaborados relatórios estatísticos.

Alguns dos mais usados estão listados aqui:

  • Open Journal System (Public Knowledge Project-University of British Columbia)
  • ScholarOne Manuscript (Clarivate Analytic)
  • BePress (Universidade de Berkeley-Elsevier)
  • Editorial Manager (Aries Systems)
  • EVISE (Elsevier)
  • Editorial Express (Techno Luddites)
  • BenchPress (Highwire)
  • Manuscript Manager (Akron ApS)
  • GN Papers (GN1)

Esses sistemas refletem as etapas do processo editorial que permitem que cada usuário se cadastre na plataforma e crie uma conta, de acordo com seu papel nesse processo (leitor, autor, revisor, editor-chefe, editor de seção, revisor, etc.). A partir dessas funções, o usuário terá certos níveis de acesso e permissões. Na plataforma, o processo editorial é dividido em uma série de etapas; algumas são em sequência e obrigatórias, de modo que o software não permite avançar se uma das etapas necessárias não tiver sido completada. (29)

A experiência atual mostra que a adoção de um SGER tem muitas vantagens para a profissionalização do trabalho editorial, maximizando a eficiência da gestão e a transparência de todos os processos. Entre as vantagens estão a rapidez na gestão de originais e na publicação, ao permitir marcar e controlar os tempos de resposta tanto para a avaliação quanto para o resto dos processos, permitindo inclusive o envio de avisos automáticos para alerta de atrasos; uma melhoria no cumprimento de critérios de padronização por meio de checklist que deve ser atendida pelos autores para poder enviar seus manuscritos; aumento da visibilidade dos artigos graças à adoção do protocolo de metadados OAIPMH (Open Archive Initiative–Protocol for Metadata Harvesting), que permite que os metadados registrados pelos autores sejam automaticamente colhidos por diferentes bancos de dados e mecanismos  de busca.  Além disso, esses sistemas geram identificadores persistentes, como DOI, e permitem a exportação de seus conteúdos de acordo com diferentes padrões, com base em XML. Por último, mas não menos importante, os sistemas de gerenciamento de periódicos incluem utilidades para gerar relatórios e estatísticas que contribuem para a obtenção de uma descrição precisa do status da publicação, entre eles, contadores de visitas que permitem identificar os artigos mais visitados, além da origem dos visitantes. (29)

Abaixo, explico de forma sucinta cada uma das etapas do processo editorial.

 

Submissão, recepção e avaliação do manuscrito

 

O processo editorial começa com o autor submetendo seu manuscrito (Figura 3).  É importante que a possibilidade de submissões ao periódico esteja sempre aberta. Desta forma, os manuscritos passarão por suas diferentes etapas, simultaneamente. Um diário que suspende temporariamente o recebimento de novos manuscritos provavelmente perderá possíveis submissões, já que os autores procurarão outros periódicos para publicar.

Os sistemas eletrônicos de gerenciamento dos periódicos geralmente permitem que os autores enviem, além do arquivo principal, arquivos complementares (conjuntos de dados, imagens), bem como metadados descrevendo o manuscrito e seus autores (Figura 3). Por exemplo, para cada autor, deve-se indicar nomes e sobrenomes, afiliação institucional, ORCID e e-mail; para o manuscrito, título, resumo e palavras-chave.  Dependendo do tipo de SGER, sua versão e configuração, pode ser necessário incluir os metadados do manuscrito em várias línguas, bem como incluir referências bibliográficas. Como mencionei anteriormente, a disponibilidade e a qualidade desses metadados são muito importantes para que sejam automaticamente colhidos por prestadores de serviços, como bases de dados e mecanismos de busca, maximizando a visibilidade e o acesso aos artigos. Também é importante notar que o SGER geralmente usa as informações disponíveis nos campos de metadados para exibir a “capa” dos artigos na página principal do periódico. Se o autor não enviasse os nomes de todos os coautores, por exemplo, e essa falta não fosse corrigida durante o processo editorial, o artigo poderia ser publicado sem o nome dos coautores, ou, como já aconteceu, o artigo é publicado com os nomes dos autores, mas na “capa” do site do periódico aparece apenas o nome do autor principal, criando inconsistência em uma informação tão importante.

 

Figura 3. Etapas do processo editorial: envio e avaliação do manuscrito

 

Tradução da Figura: Submissão de manuscrito com dados e metadados > Avaliação preliminar > Aprovado? > (Não > Rejeitar) Sim > Revisão por pares > Recomendações para o editor > Aprovado? > (Não > Rejeitar / Sim > Enviar para correção) > Autor faz as modificações solicitadas > Revisão e atualização de metadados > Enviar para revisão

 

Avaliação preliminar

 

Uma vez que o editor recebe o manuscrito, procede a realizar uma avaliação preliminar antes de decidir enviá-lo para revisores externos (alguns periódicos chamam esta revisão de desk review, outros triagem). Esta revisão preliminar é um primeiro filtro de qualidade. Sabemos que o número de manuscritos submetidos à publicação está aumentando. Isso coloca tensões sobre os processos editoriais e especificamente sobre o processo de revisão por pares. Os revisores são, em sua maioria, profissionais ativos, que trabalham em suas próprias pesquisas, têm cargos de ensino, gestão ou outras atividades profissionais; com as quais compartilham, geralmente de maneira voluntária, sem remuneração ou recompensas, trabalhos de revisão por pares.  Seu tempo e esforços, portanto, são escassos e preciosos.

Levando em conta que é uma etapa muito importante, mas sobre a qual há menos informações sistematizadas, vou dedicar mais espaço a ela. O que é observado nesta fase? Os critérios podem ser agrupados em quatro blocos (30-32):

  • Adesão da proposta do artigo ao escopo ou perfil editorial do periódico. Se o artigo não corresponde ao perfil editorial, há razões legítimas para que seja rejeitado. No entanto, isso reforça a importância de explicitar essas informações no site do periódico, reforçando que será um critério de rejeição.
  • Contribuição teórica, valor científico e integridade da pesquisa. Estes são aspectos fundamentais dentro da avaliação preliminar: novidade e originalidade, bem como contribuição teórica ou metodológica, devem ser requisitos que, se não cumpridos, desqualificam o manuscrito. Além disso, a conformidade do manuscrito com as diretrizes éticas da publicação científica. Nesse sentido, recomendo   a conferência Ética em Publicação Científica (33) e o guia do Committee on Publication Ethics-COPE.   (34)
  • Métodos. A descrição objetiva da metodologia e apresentação didática dos dados empíricos é considerada como uma indicação do zelo dos autores na conclusão dos manuscritos. (30) Além disso, a existência explícita de objetivos ou perguntas de pesquisa e sua correspondência com os métodos selecionados. Os periódicos podem definir, por exemplo, se serão aceitos artigos analíticos, em vez de meramente descritivos.
  • Elaboração, organização e estrutura do texto. De acordo com o perfil do periódico e sua área, há uma estrutura “canônica” para a organização de textos científicos. Isso permite dar clareza, coerência e consistência lógica à exposição, levando a uma melhor compreensão do texto e da credibilidade. A clareza e a concisão da linguagem também desempenham um papel importante. Os periódicos estabelecem padrões de estilo e instruções para autores com requisitos sobre esses aspectos. Nesta revisão preliminar, o editor também costuma estar atento à adesão ou não do autor aos padrões de estilo e aos requisitos de submissão do periódico; por exemplo, inclusão de elementos como palavras-chave, resumo, fonte ou título de tabelas e figuras; adequação a guias de estilo de citação e referências bibliográficas; observância dos requisitos de não identificação de textos para cumprimento da revisão cega, se este for o modelo de revisão adotado pelo periódico.

No entanto, é necessário enfatizar que aspectos que não digam respeito a questões científicas e éticas, como aqueles relacionados aos guias de estilo do periódico, mereceriam mais um pedido de encaminhamento do que uma rejeição. Além disso, é necessário estar atento a possíveis vieses e conflitos de interesse dos editores que possam contaminar a equidade das avaliações preliminares, levando à rejeição ou aceitação de manuscritos por razões espúrias. (32)

Por fim, dois aspectos que devem ser destacados neste processo: o período em que o autor aguarda para receber uma decisão sobre seu manuscrito e as justificativas oferecidas para sua rejeição. De acordo com as recomendações dos International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) “se um periódico não pretende prosseguir com um manuscrito, os editores devem se esforçar para rejeitar o manuscrito o mais rápido possível para permitir que os autores o submetam a um periódico diferente”(35). No entanto, a não especificação do tempo pode causar confusão. Teixeira et al. (32) recomendam que este tempo não exceda uma semana e que essa informação seja explicitada pela revista em sua seção Instruções para Autores.

Em relação às justificativas para a rejeição, Teixeira et al. (32) recomendam que a carta de rejeição não seja uma carta de “fotocópia”, mas uma lista de razões específicas para o manuscrito em questão. Embora obviamente isso possa aumentar o trabalho dos editores, especialmente para aqueles periódicos com maior volume de submissões, a sensação é de que a crítica é benéfica tanto para o autor quanto para o editor, uma vez que essa abordagem pode aumentar a qualidade dos manuscritos que são encaminhados (para a mesma revista ou para outros), pois permite que os autores reflitam sobre os aspectos criticados e melhorem com base nesses critérios.

 

Revisão por pares

 

Em última análise, melhorar os manuscritos recebidos e transformá-los em um bom artigo é o objetivo da maioria dos editores. Por isso, os manuscritos que passaram pela avaliação preliminar passam para a fase de revisão por pares (peer review). A revisão por pares é a avaliação crítica por especialistas dos manuscritos submetidos ao periódico, e atualmente assume diferentes formas que vão desde os tradicionais  “duplo-cego”, onde nem revisores nem autores conhecem a identidade uns dos outros, até a revisão aberta, com diversas variantes (36), nas quais as identidades são reveladas e o conteúdo das revisões também é publicado. Para a maioria das bases de dados bibliográficas, índices de citação e diretórios, a existência do processo de revisão por pares e a especificação formal do procedimento em questão constituem um critério de qualidade para a admissão de periódicos, incluindo a divulgação das principais datas relacionadas ao processo para o manuscrito em questão (por exemplo, data de recebimento do manuscrito, reapresentação pelo autor e aprovação). Como exemplo, consulte LILACS (37) e as recomendações do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE)(35).

A revisão por pares é um processo que não está isenta de limitações e críticas, mas que deve ser entendido não apenas como controle de qualidade mas também, como “um esforço distribuído para reconhecer e aumentar o valor dos manuscritos”. (38) Deve, portanto, ser inerentemente “construtiva”, realizada em um ambiente seguro de conexão e cooperação (direta e indireta) entre autores, revisores e editores. Ou seja, é uma avaliação que destaca os pontos fortes da pesquisa e faz recomendações para fortalecer seus pontos fracos, com foco nos aspectos metodológicos.   (39)

É essencial estabelecer diretrizes para revisores (dentro das políticas editoriais), definindo os aspectos que devem ser observados durante a revisão, o que também permite, dentro da inevitável subjetividade de uma avaliação, certa uniformidade e consistência no processo. Para a seleção de revisores, os periódicos geralmente mantêm bases de dados de revisores regulares, com dados de identificação, incluindo interesses de revisão, mas às vezes é necessário pesquisar bancos de dados ou diretórios profissionais para identificar novos revisores. Outros aspectos relacionados à gestão da revisão por pares, à atribuição de revisores e ao papel dos revisores, autores e editores no processo podem ser aprofundados nas obras de Rodríguez (39,40).

Quando a revisão por pares acabar, o editor tomará uma decisão que geralmente fica no intervalo entre rejeitar, solicitar modificações e aprovar. Seja qual for a decisão, o editor deve comunicá-la ao autor imediatamente. Alguns sistemas de revistas eletrônicas, como o Open Journal System, permitem ao editor enviar ao revisor uma cópia cega da comunicação enviada ao autor. Pessoalmente, considero uma opção interessante para valorizar o desempenho do revisor, embora a decisão que o editor toma não necessariamente tenha que concordar com a recomendação de todos os revisores participantes da avaliação do artigo. Vale ressaltar que as recomendações de arbitragem são opcionais e servem como guia e orientação para o editor, que tem a última palavra.

É comum que ocorra mais de uma rodada de revisão e interação entre autores, revisores e editores, mas quando o manuscrito é finalmente aprovado, podemos passar para a próxima etapa. Aqui é necessário chamar a atenção para a necessidade de atualizar os metadados dos manuscritos na plataforma de gestão do periódico. Uma vez que o autor submeta a versão final aprovada, é preciso verificar se possíveis alterações feitas no título, resumo, palavras-chave, referências bibliográficas, são refletidas nos metadados para garantir sua qualidade.

 

Produção editorial

 

Uma vez que o manuscrito é aprovado após uma ou mais rodadas de revisão por pares, ele passa para a fase de produção editorial. Esta etapa compreende diversos processos como edição e revisão, padronização, tradução, design, layout e produção de diferentes formatos de artigo (por exemplo, PDF, XML, ePub) (Figura 4).

 

Figura 4 Etapas do processo editorial: produção editorial

 

Tradução da Figura: Manuscrito aprovado > Edição e revisão > Tradução > Padronização > Layout, composição, PDF > Autor e editor revisam > Controle de qualidade/layout XML > Manuscrito aprovado para publicação

Esses processos também exigem diretrizes e normas para alcançar consistência. Por exemplo, o periódico pode ter um guia de estilo para auxiliar a revisão/edição, incluindo o guia para o estilo de referências bibliográficas. Também pode haver regras para a escrita de nomes, vínculos institucionais, para a elaboração de figuras e o tratamento de outros elementos gráficos. Além disso, o fluxo do manuscrito entre os diferentes processos pode variar de acordo com a revista e isso deve ser normalizado.  Sobre aspectos da padronização sugiro consultar a apresentação de Paula(16).

O layout (também chamado de diagramação) pode ser auxiliado pelo uso de modelos onde o espaço, o formato de colunas e parágrafos, os elementos gráficos como logotipos e cabeças são previamente organizados, a fim de acelerar a produção dos artigos e garantir consistência entre os artigos que compõem o periódico. Atualmente este modelo pode ser feito em diferentes programas e formatos, incluindo PDF e XML.

Uma vez que o manuscrito é diagramado, uma revisão (ou leitura de provas ou galés) é necessária. Este nome vem da época em que os tipos ou letras de revistas e livros eram montados manualmente em bandejas chamadas galés para impressão e revisão.  No entanto, apesar das transformações tecnológicas, seu objetivo continua sendo permitir a revisão do manuscrito pelo editor e autor antes da publicação do artigo. Aqui, a equipe de produção editorial ou o editor podem perguntar ao autor sobre alterações ou correções no texto, indicando marcas para que o autor saiba o que rever. O autor, por sua vez, tem a última oportunidade de aceitar ou rejeitar as mudanças propostas, solicitar pequenas correções e responder às perguntas da produção editorial. Nesta fase, apenas mudanças críticas devem ser feitas, por exemplo, corrigindo erros em dados e números, não revisões extensivas do texto. Os editores geralmente dão um curto prazo (24 a 72 horas) para o autor devolver a prova revisada. Alguns periódicos também possuem outras etapas complementares de controle de qualidade.

Após a revisão final, a atribuição do DOI (Digital Object Identifier) pode ser feita aos artigos. Uma vez concluída esta etapa da produção editorial, o manuscrito está prestes a se tornar um artigo publicado e pode ser distribuído em vários formatos (PDF, XML, ePub). Além disso, textos completos e metadados podem ser colhidos automaticamente ou depositados em bancos de dados e índices.

Um exemplo de fluxograma que representa o processo editorial é da Editorial de Ciencias Médicas de Cuba (ECIMED) (Figura 5). Como se pode ver na figura, o ECIMED também está integrando repositórios de preprint dentro do fluxograma, em consonância com estratégias para o desenvolvimento de uma ciência aberta.  Dessa forma, os autores com seus manuscritos aprovados em revisão preliminar têm a possibilidade de depositar seus manuscritos em um servidor de preprint, se desejarem, enquanto o processo de revisão por pares ocorre simultaneamente.   Na mesma linha, a Revista Cubana de Información en Ciencias de la Salud indica em seu site que:

Os autores são autorizados e incentivados a divulgar seu trabalho via Internet (por exemplo, em repositórios institucionais ou em seu site) antes e durante o processo de submissão, o que pode produzir trocas interessantes e aumentar as citações do trabalho publicado. (Veja o efeito do acesso aberto.) Nesse caso, solicitamos que o cabeçalho do manuscrito indique: “Esta é uma versão preprint do artigo enviado à Revista Cubana de Información en Ciencias de la Salud http://rcics.sld.cu/”

Fonte: http://www.rcics.sld.cu/index.php/acimed/about/submissions#copyrightNotice)

 

Figura 5. Fluxograma do processo editorial da Editorial de Ciencias Médicas (ECIMED) de Cuba

 

Tradução da Figura: Envio do manuscrito > Avaliação preliminar > Aprovado? > [ (Esquerda) Sim à Sugerir envio ao servidor de preprint / (Para baixo) Não > Rejeitar / (Direita) Sim > Enviar para revisão por pares ] > Aprovado? > [ (Para cima) Não à Rejeitar / (Para baixo) Sim à Edição/revisão ] > [ (Esquerda) Design) / (Direita) Tradução ] > Diagramação PDF > [ (Esquerda) Diagramação XML > (Direita) XML, ePUB > / (Direita) Publicação no site do periódico ] > Envio à SCIELO

Fonte: comunicação pessoal com José Enrique Alfonso Manzanet, chefe do Departamento de Revistas Médicas da ECIMED, 9 de março de 2021

A seguir, vou brevemente me referir aos “modelos” de publicação e, em seguida, a outras fases importantes, como indexação em bancos de dados, divulgação e avaliação de impacto do periódico.

 

Modelos de comunicação

 

Há pelo menos três modelos de publicação de artigos. No modelo tradicional de produção editorial, onde os periódicos publicam várias edições por ano (cada ano é considerado um volume), os editores ou o conselho editorial selecionam e definem, entre os manuscritos aprovados, quantos e quais farão parte de uma edição específica. Portanto, a edição só é publicada quando todos os manuscritos selecionados e agrupados em blocos (números de uma edição) cumprem satisfatoriamente todas as etapas mencionadas acima.

No entanto, essa forma de trabalho e publicação pode trazer atrasos desnecessários na comunicação de resultados científicos, uma vez que os artigos aceitos terão que esperar para ser publicados pelo tempo que for necessário para concluir uma edição ou, em alguns casos, esperar para sair em uma próxima edição (três meses depois ou mais, dependendo da periodicidade da revista) porque o pacote de artigos selecionados para compor esse número em particular já está completo (o número máximo de artigos previamente estabelecidos por número foi atingido ou o prazo para “fechar” esse número foi atingido). (41)

Buscando aumentar o tempo de exposição dos artigos e aumentar sua visibilidade, alguns periódicos passaram a utilizar um modelo complementar ao tradicional chamado Publicação antecipada (Ahead of print/Online First Publication). Nesse modelo, os artigos já aprovados são publicados em versão digital antes da composição final da edição e sua eventual publicação (e impressão). Embora do ponto de vista do conteúdo os artigos expostos com antecedência sejam finalizados, essas versões não são integradas a uma edição, portanto não têm identificadores de volume e edição ou números definitivos de página. Portanto, quando os artigos são atribuídos a uma edição, eles terão que ser diagramados novamente para incluir os dados finais. O modelo de Publicação Avançada atende principalmente às necessidades dos periódicos que ainda publicam uma versão impressa, e por isso ainda utilizam paginação sequencial de artigos, e desejam agilizar a visualização de artigos já finalizados enquanto o resto é concluído para compor o volume. Um guia para publicação antecipada pode ser consultado no site da SciELO. (42)

O terceiro modelo, conhecido como Publicação contínua (continuous publication), tem ganhado grande popularidade, especialmente entre periódicos de acesso totalmente eletrônicos e de acesso aberto. Entre seus precursores na área de publicação científica está o British Medical Journal (BMJ). Em um editorial anunciando essa mudança, os editores argumentaram que os comportamentos dos usuários na web sugerem que artigos individuais despertam ainda mais interesse do que os periódicos em que aparecem. (41) Neste modelo os artigos são publicados individualmente ou em pequenos lotes, uma vez que tenham passado satisfatoriamente pelas etapas de revisão, correção e diagramação por pares, ou seja, uma vez que os artigos já estejam em sua forma final (Figura 6).

 

Figura 6. Processo de publicação no modelo de Publicação contínua

 

Fonte: Adaptado de SciELO(43)

Em publicação contínua, os artigos não possuem paginação convencional, mas um identificador eletrônico (elocation-id) (Figura 7). O indicador numérico pode ser construído de várias formas, por exemplo, utilizando o número de identificação do manuscrito no sistema eletrônico de gerenciamento de revistas (43).

 

Figura 7. Exemplo de uso de um número de identificação elocation para artigos em publicação contínua

 

Existem pelo menos três variantes para publicação contínua (43) (Figura 8):

  • Publicar artigos em um fluxo contínuo em um único volume por ano
  • Manter a estrutura de diversas edições por ano e publicar os artigos em edições que permanecem abertas até o final de sua periodicidade
  • Manter vários números abertos, sendo alimentados simultaneamente

 

Fonte: Adaptado de SciELO(43)

Figura 8. Variantes do modelo de publicação contínua

 

É necessário reforçar que o uso do modelo de Publicação Contínua visa acelerar a publicação (e, portanto, a exposição e visibilidade dos artigos) e não deve ser utilizado para corrigir ou minimizar problemas de pontualidade de publicação.

Com a publicação da edição ou dos artigos, seja qual for o modelo utilizado, não devemos dar por encerrado o trabalho de gestão editorial. Outras etapas são muito importantes para que a revista científica cumpra as funções e expectativas dos leitores, autores, suas instituições e financiadores.  As etapas abaixo (Figura 9) estão relacionadas à expectativa de aumentar a visibilidade do periódico, seu reconhecimento e impacto sobre uma comunidade científica por meio de estratégias de marketing digital e disseminação, indexação em índices e bancos de dados nacionais e internacionais, bem como a medição de indicadores de acesso, uso, visibilidade, entre outros. Abaixo, comento brevemente sobre essas etapas.

 

Figura 9. Etapas do processo editorial: indexação, divulgação e avaliação

Tradução da Figura: Artigos/periódicos publicados > [ (Esquerda) Avaliação/Medição de impacto e relevância / (Para baixo) Marketing digital/disseminação / (Direita) Indexação em bases de dados ]

 

Indexação de bases de dados

 

Indexação nesse contexto é a incorporação de metadados (autor, título, palavras-chave, etc.) que representam artigos em índices ou bases de dados, como LILACS, DOAJ, SCOPUS, Redalyc, SciELO, Web of Science, entre outros. Cada base de dados tem seus objetivos e critérios específicos para a inclusão de periódicos e seus artigos. Alguns critérios são básicos, como ter um ISSN (International Standard Serial Number), uma agenda de publicações e periodicidades estabelecidas, políticas de direitos autorais e metadados em nível de artigo. Requisitos adicionais podem incluir adequação à área temática da base de dados, composição e profissionalização da equipe editorial, incluindo informações sobre o processo de revisão por pares ou mesmo critérios relacionados às citações recebidas.

No caso do LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde), uma base de dados referencial e de texto completo cuja missão é fornecer acesso e visibilidade à melhor produção científica em ciências da saúde na região da América Latina e Caribe, o mérito científico é o principal critério de inclusão, refletido em atributos de pesquisas publicadas, como sua originalidade, validade e contribuição para a área temática. No entanto, os periódicos também devem atender a outros critérios, como incluir seu texto completo em acesso aberto, de preferência acompanhado de uma licença Creative Commons CC-BY, bem como publicar mais de 50% dos artigos originais. Para conhecer outros critérios e características de indexação do LILACS, sugiro consultar o documento Critérios de Seleção e Permanência de Periódicos (2020)(37) e a conferência Suga (44),no contexto do webinar Boas Práticas em Processos Editoriais LILACS 2020.

A indexação   em bancos de dados aumenta a visibilidade, a busca, a recuperação, o uso e a citação dos artigos e, portanto, a construção de uma reputação que também resultará na satisfação das expectativas dos atores do sistema de comunicação científica. Um aspecto muito importante é a qualidade dos metadados, que devem ser legíveis para máquina.

Existem duas formas fundamentais de incorporar metadados em uma base de dados:(45)

  • Rastreadores/colheitadeiras da Web: algumas bases de dados indexam os próprios artigos de periódicos através de rastreadores web, que são programas automatizados da Internet que “rastreiam” sites para coletar ou “colher” metadados e outras informações. Para que os rastreadores identifiquem facilmente novos conteúdos, os editores devem aplicar metadados a artigos e manter uma estrutura de site que atenda aos requisitos do índice.
  • Repositório de metadados/conteúdo: muitos índices não usam rastreadores web e, em vez disso, exigem que os editores enviem metadados (e até texto completo) em formatos legíveis por máquina. Neste caso, os arquivos de metadados legíveis por máquina (muitas vezes XML) devem ser depositados na base de dados para que a base de dados possa processar as informações do artigo e saber o que retornar nos resultados da pesquisa.

Para periódicos interessados em indexação em LILACS há também esses dois mecanismos para a incorporação de artigos: a colheita automática dos metadados dos periódicos que também são indexados no SciELO e o depósito manual dos metadados na base de dados, que geralmente é realizado pelos bibliotecários da Rede de Centros Cooperantes de LILACS. Todavia LILACS está incentivando uma participação mais ativa dos próprios editores neste processo de depósito de metadados, através do uso da ferramenta LILACS-Express, que permite a criação de um registro com metadados básicos dos artigos publicados. Como vantagens dessa “pré-catalogação”, os artigos são imediatamente divulgados na base de dados, juntamente com seus textos completos, o que agiliza a visibilidade e acessibilidade dos artigos. Os registros são enriquecidos com metadados adicionais, incluindo descritores de assunto, uma tarefa que é assumida pelos bibliotecários da Rede de Centros Cooperantes. Para uma explicação mais completa de como funciona o LILACS-Express e sua integração com processos editoriais sugiro consultar a conferência de Suga e Paula (46) dentro do quadro do II Formação da Rede Latino-Americana e Caribe de Informação em Ciências da Saúde-2020.

 

Marketing científico digital e divulgação nas redes sociais

 

O marketing científico digital baseia-se nas teorias e metodologias do marketing tradicional para criar ações e serviços, aliados a recursos interativos de comunicação, que permitam a promoção de periódicos, seus artigos, seus autores e avaliadores, estabelecendo também relações duradouras com os usuários dos periódicos. (47,48) Os principais canais utilizados são blogs e plataformas de mídia social como Facebook, Twitter, Instagram, entre outros.

Nesse sentido, três questões são essenciais(48): construir e manter uma presença online, oferecer conteúdo adequado ao ambiente selecionado e estabelecer uma ação ativa e proativa. Esses aspectos também possibilitarão um acompanhamento por meio de indicadores métricos que permitirão estimar atributos como visibilidade, interação, influência, uso, entre outros. Para recomendações, estratégias e exemplos de uso de redes sociais para divulgação em revistas científicas sugiro consultar as conferências de Cerqueira (49) e Flores (50) no webinar de Boas Práticas Editoriais LILACS, edições 2019 e 2020, respectivamente.

 

Medição da visibilidade e relevância do conteúdo publicado

 

A avaliação dos periódicos científicos tem antecedentes que remontam à década de 1930, impulsionados pela necessidade de os bibliotecários selecionarem os títulos mais relevantes, em um contexto de proliferação de periódicos e artigos. Os serviços de indexação também estão começando a adotar critérios para filtrar e selecionar os títulos da mais alta qualidade. Assim, surgem estudos bibliométricos e, posteriormente, os índices de citação e o indicador fator de impacto, como medida da reputação dos periódicos a partir das citações recebidas. A implementação e extensão de políticas e sistemas para avaliação do desempenho dos pesquisadores deu um impulso definitivo à avaliação dos periódicos, passando a valorizar os pesquisadores por sua produtividade e pela reputação do canal de publicação. Foi necessário, então, definir os critérios de qualidade dos periódicos e proliferaram listas, classificações e indicadores de medição. Em outros lugares deste capítulo, mencionei critérios de qualidade. Uma análise mais completa pode ser consultada em López-Couzar (51).

Uma autoavaliação baseada em critérios de qualidade e aplicação de indicadores métricos também é uma boa prática para as equipes editoriais, a fim de alinhar sua trajetória para atender às expectativas da comunidade científica e da sociedade como um todo, sempre em correspondência com seu escopo, missão e visão. Uma avaliação abrangente que corresponde ao que Reis (52), em conferência ministrada no webinar Boas práticas dos processos editoriais LILACS 2020, chama de modelo de gestão proativa, onde é realizada uma avaliação multidimensional e proativa, e não apenas uma gestão reativa, focada somente em  alcançar um fator de impacto ou fazer mudanças porque isso é o solicitado pelas bases de indexação.

Nesse sentido, a avaliação deve levar em conta critérios que permitam julgar criticamente, por exemplo, as políticas editoriais, as instruções aos autores, a composição do banco de avaliadores, o modelo de revisão por pares e os fluxos de produção editorial.

Considero também importante a aplicação de diferentes indicadores que permitam uma visão global do que estamos publicando (ou deixando de publicar) e quais são os impactos (além das citações) que estamos alcançando na comunidade científica e na sociedade em geral. Adicionam- se aos indicadores tradicionais de produção e citação indicadores alternativos (altimétricos) que se aplicam a esses conteúdos compartilhados por meio de plataformas  de redes sociais (48). Indicadores métricos tradicionais e alternativos, aplicados à produção científica publicada por um periódico, permitem, por exemplo, identificar artigos, tópicos e tipologias de artigos com maior impacto na comunidade científica a partir da contagem do número de downloads, visualizações, menções em redes sociais ou citações em bases de dados.

Outros aspectos que poderiam ser analisados a partir de indicadores métricos são a circulação dos artigos por regiões geográficas, os nichos temáticos que podem ser melhor explorados e as características no nível de autor individual ou institucional dos artigos publicados (por exemplo, quem são nossos autores?, a que instituições estão afiliados?, em que língua eles escrevem?,  quais são os tipos de artigos ou seções com mais contribuições?).  Essas análises nos permitiriam elaborar estratégias de gestão editorial, como redefinição de políticas, melhoria dos processos editoriais, estratégias de marketing e divulgação, seleção de bases de dados para indexação, entre outras.

 

4. Conclusões

 

Neste capítulo procurei dar uma visão geral das boas práticas relacionadas aos processos editoriais de um periódico científico, incluindo uma caracterização de seus participantes e suas funções.

Este tema tem relevância devido à necessidade de que revistas científicas publicadas na América Latina e no Caribe, mesmo que preservem seu caráter não comercial, com infraestrutura e financiamento público, alcancem maior qualidade, visibilidade, reconhecimento e reputação como canais importantes para a disseminação da ciência, tanto para pesquisadores latino-americanos quanto de outras partes do mundo.

Dessa forma, o capítulo começa apresentando as principais expectativas e motivações para a publicação e consulta de periódicos científicas, continuando com a caracterização dos atores envolvidos na gestão científica e editorial da revista e suas funções essenciais, com destaques para editor e bibliotecário. Como centro da exposição estão as etapas do processo editorial, tanto aquelas entendidas como gestão científica (avaliação do manuscrito) quanto as etapas de produção editorial (correção, padronização, layout, entre outras).  Esta parte também apresenta os modelos de publicação que atualmente coexistem, mostrando a relevância da publicação contínua. O capítulo termina mostrando que, após a publicação, outros processos têm grande relevância para a qualidade e visibilidade das revistas, como indexação em bancos de dados, marketing e divulgação de processos de conteúdo e avaliação.

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