06/21 Estudos de coorte

 

Nota técnica 06/2021

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Estudos de coorte: orientações para indexação de acordo com a Metodologia LILACS

Objetivo: Orientar a análise e leitura técnica dos documentos para identificar estudo de coorte na indexação de documentos em saúde.
Público-alvo: Profissionais da informação que atuam na indexação de documentos usando a Metodologia LILACS ou na elaboração de estratégias de busca na LILACS e nas Bibliotecas Virtuais em Saúde (BVS).
Conteúdo: Metodológico Data de criação: agosto 2021

 

Introdução

O termo coorte é derivado da palavra latina cohors, que eram subdivisões de uma legião romana. Na epidemiologia é o estudo de um grupo de pessoas com características definidas que são acompanhadas por um intervalo de tempo para determinar a incidência de doenças ou outros desfechos.1 Partem de uma divisão de indivíduos em um grupo de exposição a um possível fator de risco e outro que não foram expostos, avaliando se ambos manifestaram ou não a doença estudada.

 

 

Estudos de coorte geralmente são prospectivos e partem da exposição a um determinado fator de risco para avaliar seu desfecho no futuro. Mas também podem ser retrospectivos, em que os desfechos já ocorreram. Os estudos de coorte são aqueles que oferecem a melhor informação sobre a causa/etiologia de uma determinada doença e permite a avaliação de risco. Geralmente, a medida utilizada nos resultados desses estudos é o risco relativo. 

 

 

Os estudos de coorte são identificados na literatura como sendo um tipo de estudo observacional, porém nem sempre essa relação é estabelecida pelo autor no documento.

Os estudos observacionais oferecem uma base para o entendimento de uma série de doenças e outros eventos de interesse. Nesses estudos, os pesquisadores apenas observam a existência de uma doença ou característica em indivíduos que foram previamente divididos em grupos baseados em uma experiência, característica ou exposição. Nesse tipo de pesquisa, a alocação de um grupo baseada na exposição a um fator de risco não pode ser controlada pelo pesquisador.2 Os estudos observacionais podem ser do tipo coorte, caso-controle e transversais.  

 

 

Características dos estudos de coorte

Alsubheen SA, MacDermid JC, John Faber K, James Overend T. Factors predicting postoperative range of motion and muscle strength one year after shoulder arthroplasty. Arch Bone Jt Surg. 2021;9(4):399-405. https://doi.org/10.22038/abjs.2020.48521.2405

 

 

 

Os descritores

A nota de escopo do descritor define ESTUDOS DE COORTES  [Descritor] como estudos em que os subconjuntos de uma certa população são identificados. Estes grupos podem ou não ser expostos a fatores hipotéticos para influenciar a probabilidade da ocorrência de determinada doença ou outros desfechos. Coortes são populações definidas que, como um todo, são seguidas de uma tentativa de determinar as características que distinguem os subgrupos.


A nota de escopo do descritor e o manual de indexação3 definem ESTUDO OBSERVACIONAL [Tipo de publicação] como trabalho que relata um estudo clínico no qual os participantes podem receber intervenções diagnósticas, terapêuticas ou outros tipos, mas os pesquisadores não atribuem voluntários para intervenções específicas (como no estudo intervencional).

 

A indexação

A identificação de um estudo como sendo de coorte se dá  pela presença do próprio termo na descrição e caracterização do estudo feita pelo autor. Geralmente, o texto menciona se tratar de um estudo de coorte prospectivo ou estudo de coorte retrospectivo.

O DeCS/MeSH oferece em sua hierarquia dois descritores específicos para a indexação dos estudos de coorte: SEGUIMENTOS [Descritor] e ESTUDOS LONGITUDINAIS [Descritor].

 

 

Pontos a serem considerados na análise e indexação do documento:

– verifique a presença do termo coorte no documento;

– a presença dos termos seguimentos, follow-up e estudo longitudinal também podem indicar que se trata de um estudo de coorte, porém indexar, como secundário, com o descritor correspondente ao termo mais específico mencionado no trabalho: ESTUDOS DE COORTES [Descritor], SEGUIMENTOS [Descritor] ou ESTUDOS LONGITUDINAIS [Descritor];

– coordenar com ESTUDO OBSERVACIONAL [Tipo de publicação] nos trabalhos em que é mencionado se tratar de um estudo observacional. Embora todo estudo de coorte seja um estudo observacional, a coordenação não é obrigatória de acordo com as notas dos descritores. Portanto, a coordenação somente será feita no caso da presença do termo no texto. Ex.: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6977771/;

– coordenar com ESTUDOS PROSPECTIVOS [Descritor] ou ESTUDOS RETROSPECTIVOS [Descritor] caso o texto mencione uma dessas abordagens.

 

Descritores e qualificadores relacionados 

ESTUDOS PROSPECTIVOS [Descritor]

Estudos planejados para a observação de eventos que ainda não ocorreram.

Abordagem mais comum nos estudos de coorte. Fazer coordenação caso o trabalho mencione se tratar de um estudo prospectivo. 

 

ESTUDOS RETROSPECTIVOS [Descritor]

Estudos nos quais os dados coletados se referem a eventos do passado.

Abordagem não comum nos estudos de coorte. Fazer coordenação caso o trabalho mencione se tratar de um estudo retrospectivo.

 

SEGUIMENTOS [Descritor]

Estudos nos quais indivíduos ou populações são seguidos para avaliar o resultado de exposições, procedimentos ou efeitos de uma característica, por exemplo, ocorrência de doença.

Utilizar esse descritor para os estudos que citem especificamente essa abordagem. Nesse caso não devemos coordenar com ESTUDOS DE COORTES [Descritor].

 

ESTUDOS LONGITUDINAIS [Descritor]

Estudo no qual as variáveis relacionadas a um indivíduo ou grupo de indivíduos são acompanhadas por anos e com contato a intervalos regulares.

Utilizar esse descritor para os estudos que citem especificamente essa abordagem. Nesse caso não devemos coordenar com ESTUDOS DE COORTES [Descritor].

 

FATORES DE RISCO [Descritor]

  1. Aspecto do comportamento individual ou do estilo de vida, exposição ambiental ou características hereditárias ou congênitas que, segundo evidência epidemiológica, está sabidamente associado a uma condição de saúde considerada importante de se prevenir. 2. População em risco: População bem definida, cujas vidas, propriedades e fontes de trabalho se encontram ameaçadas por determinados perigos.

Os estudos de coorte objetivam identificar fatores causais de doenças ou eventos. Fazer coordenação caso o trabalho mencione fatores de risco.

 

ETIOLOGIA [Qualificador]

Usado com doenças para agentes causais, incluindo os micro-organismos. Inclui fatores ambientais e sociais e hábitos pessoais como fatores contribuintes. Inclui a patogênese.

Os estudos de coorte objetivam identificar fatores causais de doenças ou eventos. Em muitos casos a coordenação com o qualificador /etiologia será necessária.

 

FATORES DE CONFUSÃO EPIDEMIOLÓGICOS [Descritor]

1) Fatores que podem causar ou prevenir o desfecho de interesse, mas que não são variáveis intermediárias do(s) fator(es) sob investigação. 2) Situação em que os efeitos de dois processos (fatores) não são separáveis ou distinguíveis. 

Utilizar esse descritor para os estudos que citem especificamente essa abordagem.

 

RAZÃO DE CHANCES [Descritor]

É uma aproximação do risco relativo, característica de estudos de casos e controles, dada pela proporção entre a probabilidade de adoecer e não adoecer mediante a exposição e não exposição ao fator de risco em estudo.

Fazer coordenação caso o trabalho mencione a razão de chances.

 

Coordenação improvável

ENSAIO CLÍNICO [Tipo de publicação] e seus específicos.

 

Exemplo de indexação de documento

Noronha IR, Noranha IR, Dantas CS, Penna LH, Jomar RF. Incidência e fatores associados a complicações em feridas operatórias de mulheres mastectomizadas. Rev Enferm UERJ. 2021;29:e56924. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/56924/38550

 

 

Referências

1- Song JW, Chung KC. Observational studies: cohort and case-control studies. Plast Reconstr Surg. 2010;126(6):2234-42. doi: 10.1097/PRS.0b013e3181f44abc. [Acesso em 30 set. 2022]. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmid/20697313/>

2 – Honório HM, Santiago JF Jr. Fundamentos das revisões sistemáticas em odontologia. São Paulo: Quintessence Editora; 2018. 361 p.

3 – BIREME. Biblioteca Virtual em Saúde. Manual de Indexação de Documentos para a Base de Dados LILACS (2021) [Internet]. São Paulo: BIREME; 2021 [cited 2021 June 8]. Available from: https://lilacs.bvsalud.org/metodologia-lilacs/manual-de-indexacao-de-documentos-para-a-base-de-dados-lilacs/

 

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